quinta-feira, 27 de junho de 2013

Precisamos de médicos de fora?

     
     Tenho optado por manter este blog com assuntos exclusivamente médicos e científicos, porém , ante a atitude do governo de contratar médicos estrangeiros para suprir a "falta de médicos" no Brasil, ficou difícil ficar calado. O Brasil não tem carência de médicos, pelo contrário, existe inclusive um excesso de faculdades de medicina, porém o que faltam  condições que atraiam médicos para trabalhar nos lugares mais afastados.
            Não adianta oferecer um salário maior para o médico ir para um interior para ele trabalhar sem condições, num tempo de imensa judicialização da medicina, onde por qualquer coisa se processa, como querer que um médico vá para onde ele não terá condições de exercer adequadamente sua profissão?
            Eu já passei por isso, motivado por um salário atraente, fui ver uma proposta numa cidade no interior de Minas Gerais, bem distante, cidade pequenina e agradável porém eu seria o ÚNICO médico da cidade. Não existiam outros especialistas, exames, nada! Toda e qualquer emergência seria comigo, não importa se uma criança, uma parto complicado, uma emergência cirúrgica, não importa. Como trabalhar dessa forma??  Como de praxe, quando o sistema de saúde não funciona, é mais fácil e mais interessante para o governo culpar pessoas  e os médicos estão na linha de frente como bois de piranha para proteger a inoperância do serviço público.
            O país está sendo sacudido por manifestações justas (passagens, corrupção, PEC 37, saúde e educação, transporte, etc) e só podemos raciocinar que com o dinheiro gasto para construir tantos estádios, arenas, obras, a saúde e a educação teriam grande benefício. Deixo claro que não tenho nada contra os médicos cubanos, são colegas de profissão, mas o motivo de contratação deles é torpe. Mesmo que sejam magníficos médicos, sem um sistema de saúde funcionante por trás, sua capacidade técnica se perde na incapacidade de realizar um exame, uma cirurgia ou um parecer de um especialista.
            Um bom dia a todos.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Síndrome Metabólica


        Já falamos em textos anteriores sobre hipertensão, diabetes, obesidade e seus riscos à saúde principalmente no que diz respeito ao coração. E o que dizer quando estes fatores se reúnem num único indivíduo? Esse é o problema de quem tem a chamada SÍNDROME METABÓLICA.
            Desordem mista do metabolismo, para uma pessoa ser classificada como portadora de síndrome metabólica ela tem de ter: elevação da pressão arterial, elevação da glicose, elevação dos triglicerídeos e redução do colesterol tipo HDL (o bom colesterol) e acúmulo de gordura abdominal. Se tais fatores, isoladamente, já aumentam significantemente o risco de doenças cardiovasculares, quando eles se associam o risco aumenta exponencialmente.
            Por essa associação, o paciente que é definido como "paciente metabólico" deve ter cuidados extras com sua saúde para conseguir fugir da estatística desfavorável de hipertensão, diabetes, doenças vasculares, infartos e AVCs que a síndrome metabólica impõe. Para tanto o ideal é que entrem em cena o atendimento multiprofissional, incluindo cardiologista, endocrinologista, nutricionista e educador físico. Sempre em acordo e com boa comunicação entre eles para que as condutas venham sempre embasadas para o maior benefício possível para o paciente.
            É impossível tratar a síndrome metabólica somente com remédio, a mudança de hábitos de vida através de uma alimentação mais saudável e de atividade física são fatores primordiais. E, fazendo tudo certo, temos grande chance de conseguir controlar esses fatores de risco.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Reabilitação Cardíaca - Existe vida após o infarto!



            Com o objetivo de promover o retorno à vida ativa e de prevenção de problemas futuros a reabilitação cardíaca tem se mostrado arma eficaz para a qualidade de vida após um problema cardíaco diagnosticado e tratado como possível.
            A equipe é formada por especialistas (cardiologistas, medicina do esforço, educadores físicos, enfermeiros, fisioterapeutas, etc.) e visa , além do tratamento, promover junto com a atividade física orientada, educar o paciente para um estilo de vida mais saudável, como conviver bem com seu problema cardíaco e mostrar que, mesmo com a  problema, a vida não acabou.
            O impacto de um diagnóstico de um problema cardíaco pode ser mais devastador para o psicológico do que para a saúde física do paciente em si, principalmente quando este diagnóstico vem acompanhado de algum procedimento como cirurgias cardíacas, cateterismos e angioplastias. O paciente assume um estado de doença estabelecido e acha que a partir dali será um inutilizado para a vida ou sai com muito medo de voltar e ter o mesmo problema e não conseguir sobreviver. Neste perfil, um programa de reabilitação cardíaca promove, além dos benefícios físicos já amplamente comprovados (para se ter uma ideia, a atividade física dirigida pode promover a formação de novos vasos naqueles cujas artérias estão obstruídas, pode melhorar o desempenho do músculo cardíaco naqueles que estão com o coração fraco, melhora a utilização do oxigênio pelas células, reduz a pressão arterial,  reduz as taxas de glicose e colesterol), uma reabilitação psicológica muito importante. Um paciente que sobreviveu a um infarto, a uma cirurgia cardíaca, a uma troca de válvula, se vê andando ou correndo numa esteira, levantando pesos, socializando com outros e vivendo de uma forma normal ou muito próxima daqueles que nunca tiveram tais problemas.
            É muito importante que tanto o paciente  e tanto o médico tenham esta consciência de que um programa de reabilitação cardíaca faz a diferença na vida de uma paciente, que exercício não é só para jovens e saudáveis e que problema cardíaco não é sentença de morte.

            Fale com seu médico!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Hepatites 3


     Hoje falaremos sobre a hepatite C, tipo de hepatite viral transmitida pelo vírus que é a mais séria das hepatites. Não existe vacina para hepatite C e ela dificilmente é autolimitada. Existem medicamentos porém, além de não existir garantia de cura, os efeitos colaterais são problemáticos.
            A hepatite C é transmitida através de sangue contaminado, a mãe pode transmitir ao filho durante o parto e também, embora menos comum,  pode ser transmitida por via sexual. A doença pode permanecer silenciosa por muitos anos, inclusive durante toda a vida, sendo a única evidência da existência dela um exame laboratorial que detecta a presença do vírus.
            Assim como a hepatite B, a hepatite C também está relacionada à insuficiência hepática, cirrose hepática e câncer de fígado. Os sintomas não diferem muito das outras hepatites, mas uma porcentagem maior de pacientes com hepatite C tem complicações e o tratamento é mais difícil.
            Para a prevenção, como dito, não existe vacina, o principal foco é evitar compartilhar agulhas, todo o cuidado na esterilização de instrumentos perfuro-cortantes usados em dentistas, manicures e outras profissões, evitar a multiplicidade de parceiros sexuais e uso de preservativo.
             Se cuidem!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Hepatites 2


            Seguindo na sequência sobre hepatites, hoje falaremos sobre hepatite B, tipo bastante contagioso e mais perigoso de  hepatite em comparação com a hepatite A.
            A hepatite B é transmitida por várias secreções corporais como sangue e sêmen, o que faz com que ela seja uma doença sexualmente transmissível e também por objetos perfuro-cortantes (semelhante ao HIV) e as grávidas podem transmitir para os bebês durante o parto. Os sintomas são semelhantes aos da hepatite A, ou seja, pode ser desde nenhum sintoma, sintomas genéricos de virose como febre e dor no corpo, até os tradicionais olhos e pele amarelas (icterícia)  e urina escura.  Porém à partir daí começam as diferenças. Embora possa ter uma evolução benigna, a hepatite B pode se tornar crônica, comprometendo o funcionamento do fígado, levando à insuficiência hepática, cirrose hepática e, inclusive, câncer de fígado.
            Existem drogas que tratam e podem curar e hepatite B, mas a principal arma que temos é a prevenção e estas vem na forma vacinação e cuidados como evitar a multiplicidade de parceiros sexuais, uso de preservativo, profissionais de saúde devem usar os equipamentos de segurança (luvas, máscaras, óculos de proteção) e também os cuidados de esterilização adequadas com material odontológico, manicures e tudo o material que pode furar e/ou cortar pessoas e que são usados nas mais diferentes profissões. Vale lembrar que não se precisa suspender a amamentação de filhos de mães portadoras do vírus da hepatite B e que a vacina deve ser dada logo nas primeiras 12 a 24h de vida do bebê.
            A hepatite B, se evolui de forma crônica, é grave e fatal, vindo a morte normalmente por insuficiência hepática e precisa ser evitada a todo custo.

            Todo cuidado é pouco.