terça-feira, 29 de julho de 2014

Coração partido existe? Uma desilusão pode fazer mal ao coração?


           Um grande estresse, uma emoção forte ou uma desilusão pode fazer mal ao coração? Causar danos físicos ao órgão? A resposta é sim. Existe uma forma de acometimento agudo do coração conhecida com síndrome de Takotsubo ou cardiopatia induzida por estresse ou síndrome do coração partido. O nome japonês refere a um vaso de pesca de polvos que tem uma forma semelhante ao que o coração adquire durante o problema.
            É uma síndrome que tem manifestações clínicas que se assemelham muito a um infarto do miocárdio inclusive com alterações estruturais detectáveis podendo cursar inclusive com gravidade. As diferenças consistem na reversibilidade da Takotsubo e na ausência de doença coronariana obstrutiva. Ou seja, é mais ou menos como se a pessoa tivesse um infarto reversível sem morte de células cardíacas e sem nenhuma artéria obstruída que justifique o quadro.

            Acomete muito mais mulheres do que homens, o quadro se inicia habitualmente com sintomas como dores no peito, falta de ar, desmaios, podendo apresentar sintomas graves como edema pulmonar e choque por falência do coração.   O cateterismo é importante para o diagnóstico por descartar a doença obstrutiva das coronárias como responsável pelo quadro e, após tratamento de suporte, comumente ocorre a reversão completa do quadro em algumas semanas voltando o paciente a ter um coração estruturalmente e funcionalmente normal. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Febre Maculosa

            Os noticiários estão veiculando um aumento da incidência de uma doença que até então a maioria das pessoas daqui jamais tinha ouvido falar:a FEBRE MACULOSA.
            Essa doença é causada por uma bactéria do gênero ricketsia e é transmitida por um carrapato muito comum aqui no Brasil que é o carrapato estrela (ou carrapato de cavalo). Esse carrapato infesta os animais domésticos comuns e alguns selvagens como capivara, gambás, coelhos, tatus e cobras. A bactéria fica na saliva do carrapato e, quando ele pica o ser humano, a inocula na circulação.
            Após a picada a pessoa pode ficar de 2 a 14 dias sem sintomas e então a doença aparece. Os sintomas podem ser muito fracos ou inexistentes nos casos leves (o que dificulta o diagnóstico) ou serem intensos e graves. A febre pode ser alta, aparecerem manchas na pele (máculas – daí o nome da doença) que aparecem róseas, normalmente nos punhos e tornozelos mas que depois progridem, ficam elevadas, arroxeadas e podem descamar depois. O local da picada do carrapato pode ficar necrótico como se fosse uma picada de aranha. A  doença pode evoluir para cura espontânea após 3 semanas porém nos casos mais graves pode ocorrer necrose dos dedos, extremidades, genitais e o óbito pode ocorrer. Importante ressaltar que a doença não passa de ser humano para ser humano diretamente, SEMPRE precisa do carrapato.
            O diagnóstico pode ser difícil pois se confunde com outras doenças infecciosas que causam manchas na pele e os sintomas podem ser muito tênues e o tratamento nos casos leves constitui somente de medicação sintomática. Nos casos mais sérios, um suporte internado e antibióticos específicos devem ser empregados. A mortalidade pode chegar a 20% nos casos mais graves.
            A prevenção visa evitar o contato com o carrapato. Uso de calças compridas, botas, usar carrapaticidas nos animais domésticos e criações e vistoriar o corpo frequentemente caso tenha de entrar em contato com ambiente e animais silvestres. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Febre Chicungunha - Nova ameça?


         Não é de hoje que o Brasil se preocupa com o combate ao mosquito Aedes aegypti pela epidemia de dengue que assola o país ano após ano e também não é de hoje que sabemos que estamos longe de ganhar esta guerra. O que não é muito divulgado é que esse mesmo mosquito é o transmissor de outras doenças como a febre amarela e, mais recentemente, uma doença que até pouco só ocorria na África: a febre Chicungunha.
            Foram detectados casos no Rio de Janeiro em 2014 em soldados provenientes do Haiti e viajores proveniente da África. O estado de alerta vale pois já que temos o mosquito transmissor em abundância só faltaria pessoas doentes para começar a transmissão em massa.

            Os sintomas da febre Chicungunha são semelhantes a de qualquer virose inespecífica inclusive a dengue. Febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, manchas vermelhas na pele e marcadamente com dores articulares. A  doença é de curso auto-limitado, de pequena mortalidade que acontece principalmente em bebês porém, diferente da dengue, existe uma forma crônica, com sintomas que duram de 6 meses a 1 ano, que deixam seqüelas articulares.  

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Cardioversão Elétrica - Um choque no peito!


            Filmes e programas de TV mostram volta e meia, quando um paciente apresenta uma parada cardíaca, aquele choque no peito dado com um desfibrilador. A cena é dramática, paciente inerte, equipe estressada, correria, na hora do choque o corpo do paciente dá aquela arqueada de contração muscular e nem sempre funciona. Hoje eu vou falar desse choque mas, ao contrário do que se pensa, não é dado apenas em casos dramáticos de parada cardíaca. Existem situações em que acontecem arritmias cardíacas, com o paciente acordado, lúcido e que está indicado a terapia elétrica. É chamada de cardioversão elétrica.
            O paciente deve ser informado do procedimento, sua sequência, riscos e benefícios. É relativamente simples de ser realizado mas depende de uma sedação (o choque dói), aparato para garantir a respiração do paciente, aplicação de abundante quantidade de gel no tórax (para evitar queimaduras) e a aplicação enfim das pás do desfibrilador nas posições adequadas no tórax  e disparar a carga elétrica.
            O princípio é simples, durante uma arritmia, o coração se apresenta com sua atividade elétrica desorganizada ou organizada de forma inadequada, Esses circuitos funcionando de forma rápida impedem o nosso sistema natural de controle de freqüência cardíaca de controlá-la. A carga elétrica aplicada então anula este circuito e então nosso sistema de controle reassume e volta a controlar nosso ritmo cardíaco. A sedação é leve, o paciente normalmente já começa a acordar com o choque, não se lembra do que aconteceu e pode, em muitos casos, após acordar, receber alta hospitalar logo após.
            Os riscos do procedimento são provenientes da sedação (depressão respiratória, broncoaspiração, sedação excessiva, etc.) e da aplicação da carga elétrica (queimaduras, ineficácia e parada cardíaca, esse último bastante pequeno.). Na imensa maioria dos casos o procedimento é seguro e bem sucedido.

            Abraço a todos.