quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Hérnia de Disco


         A coluna vertebral é formada por ossos empilhados em cadeia chamados de vértebras, entre esses ossos existem os discos intervertebrais que servem para acolchoar as vértebras, amortecendo os impactos. No interior desses discos existe uma substância gelatinosa responsável por esse acolchoamento.
            Em algumas pessoas, acontece uma fissura ou degeneração desses discos, fazendo com que haja um escape da substância gelatinosa, alcançando assim as raízes nervosas que saem da medula causando inflamação desses nervos. A isso chamamos de hérnia de disco.
            O principal sintoma é a dor que está relacionada ao segmento da coluna envolvido. Se é na coluna cervical (pescoço) a dor normalmente atinge o pescoço, ombros e pode ir para os braços. Se acontece na coluna torácica, a dor nas costas é o principal e se acontece na coluna lombar acontece a comum irradiação para os membros inferiores. Além disso pode acontecer fenômenos de sensibilidade como dormência, perda de sensibilidade e dificuldades de movimentação.
            Quem tem uma ou mais hérnias de disco sabe que dor acontece em crises, muitas vezes causada por uma posição, um esforço e o tratamento é feito com drogas analgésicas e anti-inflamatórias. O sobrepeso e a obesidade são grandes inimigos pela pressão que causam sobre a coluna. Nos casos mais sérios, existem procedimentos cirúrgicos que ajudam, mas só estão indicados em casos criteriosamente avaliados por um ortopedista ou neurocirurgião. O diagnóstico, além do quadro clínico, é confirmado por exames de imagem, principalmente a ressonância magnética.

            Cuidar bem da coluna desde cedo é importante, devemos manter cuidado com a postura, com o peso, manter uma musculatura da região cervical, dorsal e lombar bem trabalhada. Tudo isso ajuda bastante na prevenção. Para aqueles que tem profissões que envolvem pegar muito peso o uso de proteções para a coluna é de grande valia.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Pico de pressão - o que fazer?


        Uma pergunta frequente feita no consultório é: a partir de quanto de pressão eu preciso me preocupar? Bom, essa resposta normalmente não vem com um número em si mas com o tipo de dano que a pressão arterial esteja causando. Variando muito de pessoa para pessoa, o pico de hipertensão pode ser considerado emergência ou não.
            A hipertensão arterial é danosa, lenta e por vezes silenciosamente porém alguns sinais mostram que ela está causando problemas de forma aguda e isso obriga a tratamento imediato e intensivo. Quando um paciente é hipertenso, o tratamento visa impedir que o paciente apresente lesões nos sistemas que a hipertensão adora atacar e que são comprometedores tanto da duração da vida quanto de sua qualidade, a saber: cérebro, coração, olhos e rins. Partindo daí, ficamos com a definição de "lesão de órgão alvo" que é muito importante para definirmos o quão agressivos devemos ser no tratamento.
            Alguns sintomas nos dão uma direção que algo mais sério esteja acontecendo além de um mero aumento de pressão como por exemplo:
·         Dormências e fraquezas em algum segmento do corpo, dores de cabeça, alterações na fala  – dano neurológico;
·         Alterações visuais (visão dupla, borrada, sem foco) – alterações oculares e/ou neurológicas
·         Dor no peito, falta de ar, cansaço, palpitações – dano cardiológico
    Uma elevação de pressão arterial que apresente sintomas assim devem ser tratados como emergências médicas, em ambiente hospitalar, com medicação rápida e eficaz. Tentar contornar isso em ambiente doméstico pode fazer a diferença entre uma mera crise de pressão ou um infarto ou um AVC.

        Fiquem atentos!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Disautonomia - você já ouviu falar nisso?

            O nosso sistema nervoso controla as funções de nosso organismo de uma forma geral. Ele é o responsável pelos comandos voluntários de nosso corpo como os movimentos do corpo e pelos involuntários como movimentos dos órgãos, respiração, etc. Existe uma parte do sistema nervoso que controla boa parte de nossas funções vitais como pressão arterial e frequência cardíaca que é denominado Sistema Nervoso Autônomo. Ele é o responsável, por exemplo, por sentirmos nosso coração disparar quando tomamos um susto e faz com que fiquemos alertas numa situação de estresse.
            Principalmente na população idosa e em especial nos idosos diabéticos, uma disfunção dessa parte do sistema nervoso que é chamada de disautonomia. Ela é um distúrbio que atrapalha a autoregulação das funções involuntárias do organismo incluindo aí a pressão arterial e da frequência cardíaca em situações simples como passar da posição deitado para de pé, permanecer muito tempo em pé parado, ir ao banheiro, provocando muitas vezes quedas acentuadas da pressão arterial nessas situações com consequentes desmaios e quedas. Em idosos, essa situação é especialmente importante pelo risco que representa a queda podendo ter como consequência fraturas de fêmur, traumas cranianos, coisas que apresentam elevado índice de complicações.  O inverso também pode acontecer, com elevações abruptas e inadequadas da pressão arterial e da frequência cardíaca. Além disso, a disautonomia pode causar visão turva, boca seca, impotência sexual, distúrbio gastrointestinais, entre outras coisas.
            Nessas temperaturas altas que estamos enfrentando, a situação se complica ainda mais pois os idosos se desidratam com muito mais facilidade. A pressão tende a cair mesmo sem nenhum distúrbio, a ingesta de líquidos é menor e não é incomum o hábito de se colocar roupa demais.  Além de controlar a pressão arterial e frequência cardíaca, a disautonomia pode afetar a deglutição, função sexual e gastrointestinal.

            Tratar o problema de base como diabetes, Parkinson, alcoolismo tendem a melhorar a disautononia, porém tratamento específico ainda não existe. Em situações específicas, o uso de meias elásticas, evitar ficar de pé muito tempo parado ou caminhando lentamente e a prática de exercícios físicos  podem minimizar bastante. O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado através de exames como tilt- teste (teste de inclinação de mesa) e também por alterações específicas no teste de esforço.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Fibrilação atrial - uma arritmia muito perigosa


        Voltando aos temas médicos, fiz um texto lá atrás falando sobre arritmias cardíacas. De uma forma genérica, arritmia significa perda do ritmo, o que pode significar ritmo mais acelerado, mais devagar ou apenas irregular. Também pode ser uma mistura desses. Hoje vou ser mais específico e falar de uma arritmia chamada fibrilação atrial.
         Essa arritmia vem ganhando importância ao longo dos anos por ela ser hoje, reconhecidamente, um agente causador de acidente vascular cerebral, embolia pulmonar e déficit de cognição, principalmente na população mais idosa mas que também acomente muitos jovens. A fibrilação atrial tem como fatores marcantes o ritmo irregular do coração  que é, de uma forma geral, bem tolerado pelo paciente. O principal sintoma é a palpitação (sentir o coração acelerar ou bater irregularmente).
Porém, lembrando um pouco de anatomia, o coração tem 4 cavidades: 2 átrios e 2 ventrículos. Quando o paciente está em fibrilação atrial os átrios não se contraem, ficam parados ou apenas tremendo, isso faz com que o fluxo sanguíneo dentro deles fique lentificado e, com isso, aumenta a chance de aparecer coágulos (trombos) no seu interior. Esses trombos se formam e ficam aderidos à parede interna do átrio e em algum momento podem se desprender. E é aí que reside o grande perigo. Quando o trombo se forma no átrio esquerdo, ele sairá através do ventrículo esquerdo e o caminho mais provável a seguir é para o cérebro, ocluindo uma artéria cerebral causando um AVC (derrame). Se o trombo se forma no átrio direito ele sairá pelo ventrículo direito e vai para o pulmão, ocluindo um ramo da artéria pulmonar causando a embolia pulmonar, patologia de alta mortalidade.
            Essa é a grande importância em s diagnosticar a fibrilação atrial, trabalhos mostram que quase 30% dos AVCs  isquêmicos (por oclusão de artéria cerebral) em idosos são consequentes à fibrilação atrial e daí a importância em tratá-la e de prevenir a formação de trombos com drogas anticoagulantes. O tratamento da arritmia em si pode seguir alguns caminhos: deixar em arritmia e apenas prevenir o apareceimento de trombos, drogas antiarrítmicas para reverter ao ritmo normal e prevenindo trombos se indicado e um procedimento invasivo chamado esturo eletrofisiológico e ablação onde um cateter vai ao coração e faz uma cauterização por radiofrequência para isolar a área responsável pela arritmia.

            Fale com seu médico.